Em 2013, encontrei um médico para fazer o meu acompanhamento (Dr. Hugo Werneck). Na primeira consulta, fiquei emocionada ao ouví-lo falar, pois pela primeira vez, estava diante de um médico conhecedor da Doença Celíaca.
Como ainda não tinha feito um acompanhamento nutricional, que é imprescindível para a recuperação e manutenção da saúde de um celíaco, continuava apresentando diversos sintomas alérgicos. As dermatites não cessavam.
Também em 2013 dei início ao acompanhamento com a nutricionista funcional Natália Villa (querida e maravilhosa). Com as suas orientações, muita persistência e disciplina, consegui eliminar todos os quilos que havia ganhado, reeducando minha alimentação, incluindo atividade física na rotina e, consequentemente, tendo uma vida mais saudável.
Hoje, sou muito rigorosa com a minha alimentação, tanto em qualidade nutricional, como em relação a segurança alimentar, ou seja, alimentos livres de glúten e de contaminação cruzada. Aprendi que não basta comer sem glúten. É preciso ser seletivo e escolher alimentos funcionais adequados a cada necessidade para ter uma alimentação com qualidade. Mas é claro que cabe um pedaço de bolo musse de chocolate (sem glúten) de vez em quando, né!
Um recado pra você, que por algum motivo, precisa seguir uma dieta sem glúten ou sem outro alergênico:
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Tenha disciplina e persistência na dieta!
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Sem glúten não significa sem sabor.
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É preciso ter paciência para executar as receitas e não desistir. Utilize fontes de receitas confiáveis (as minhas são!) e dê preferência para pesos do que medidas caseiras, assim evita erros e desperdícios de ingredientes.
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Planejamento é a palavra chave. Mantenha o freezer abastecido de comida saudável. Eu particularmente, nunca cozinho para uma única refeição. Cozinho para congelar mesmo! Assim nunca passo aperto!
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Consuma mais legumes, verduras, frutas e oleaginosas!
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Pode haver imprevistos, então sempre tenha na bolsa opções de lanchinhos não perecíveis!
Meu diagnóstico de Doença Celíaca:
Sou celíaca e o meu diagnóstico demorou muito para acontecer. Passei a adolescência com anemia persistente, carência de muitos nutrientes, prisão de ventre, distensão abdominal (estufamento na barriga), letargia e também depressão. Fui tratada até com suspeita de leucemia.
A partir de 2003, comecei a ter dermatites e sempre diziam que era "de contato", receitavam uma pomadinha, melhorava e voltava.
No início de 2011, uma dermatologista resolveu fazer biópsia de uma lesão. Resultado: Dermatite Herpetiforme de Duhring Brocq (DH), caracterizada por bolhas. No meu caso, microbolhas. Ela foi muito prestativa e já me esperava com o site da ACELBRA no ar para me mostrar uma listagem do que eu poderia ou não consumir. Mas eu sabia o impacto que este diagnóstico causaria na minha vida profissional. Conhecia bem o que era glúten e onde ele estava! Imaginem uma confeiteira impossibilitada de ingerir glúten! Saí do consultório chorando... ainda sem saber se chorava pelo aspecto profissional (nessa época eu trabalha como técnica da Cozinha Experimental do Açúcar União, e continuei lá até 2014) ou pela pizza de todo final de semana. Pizza sempre foi minha comida preferida! E continua sendo!
Fui orientada pela médica a fazer acompanhamento com um gastroenterologista para realizar outros exames e investigar melhor a Doença Celíaca (DC) - é claro que ela já existia, pois a DH é uma doença associada. Não foi fácil encontrar um médico que conhecesse o protocolo de exames necessários para fechar o diagnóstico.
Depois de muitas consultas em diferentes médicos, o diagnóstico foi concluído: DC e DH acompanhadas de Osteopenia.
A partir daí começou um grande desafio: trabalhar com alimentos (da confeitaria convencional com glúten), mas sem poder provar. Tinha todo o embasamento técnico para desenvolver receitas, mas não podia provar. Passei muito tempo colocando pequenas porções de alimentos com glúten na boca e descartando em seguida somente para avaliar o equilíbrio entre sabor e textura. Não posso chamar isso de contaminação cruzada, e sim consentida, por total ignorância da informação. Não queria me prejudicar, mas não tinha conhecimento sobre Contaminação Cruzada. Claro que não melhorei nada naquela época!
Recebi muita ajuda das maravilhosas moderadoras Ester Benatti e Raquel Benati do Grupo Viva sem Glúten no Facebook. Sempre me ampararam com carinho e informação!
Sinto eterna gratidão, carinho e amor por essas duas queridas!
Tive que atravessar a fase de negação para chegar na aceitação e enxergar o "meio copo de água" mais cheio do que vazio!
Em 2012, criei o blog de receitas Chef Carla Serrano para o qual desenvolvi e fotografei receitas sem glúten e sem outros alergênicos para compartilhar com outras pessoas, que assim como eu, também precisam manter uma alimentação restritiva, mas com muito sabor. Sempre fui recebida com muito carinho por todos que ali passam e me emociono lendo os comentários e agradecimentos!
Depois do meu diagnóstico e da retirada do glúten da minha alimentação, diferentemente de quem deixa de comer glúten por opção ou pela moda, engordei 15kg. Meu intestino começou a absorver melhor os alimentos e eu comecei a comer, compulsivamente, tudo o que era sem glúten no planeta! rs